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Postagens

Nascendo uma amizade

Na balada, onde a música pulsava e a luz dançava de forma frenética, o cheiro de perfumes e o fluxo de pessoas criavam um ambiente quase elétrico. A área fumante estava repleta de risadas e conversas altas, enquanto copos de bebidas se erguiam em brindes efêmeros. Mas, em meio ao barulho, havia um eco de solidão que não se desfazia. Lá estava Miguel, encostado em uma parede, observando a cena. Ele não estava exatamente sozinho, mas sentia um vazio. Em seus pensamentos, refletia sobre neuromodulação, como uma forma de influenciar a atividade do sistema nervoso. “Deve haver algo de interessante por trás de tudo isso”, pensou, enquanto lembrava das palavras de Fuchs (2016): “A compreensão do cérebro humano está em constante evolução”. Enquanto isso, Marina, uma jovem cheia de energia, se aproximou. Com um sorriso vibrante, ela ofereceu um drink a Miguel. “Você parece pensativo, o que está passando pela sua cabeça?” disse ela. Miguel riu, um pouco surpreso. “Na verdade, eu estava pensando ...
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Entusiasmo

De todos os adjetivos que já me deram,   Entusiasmado foi o que mais persistiu;   Como chama que os anos não extinguiram,   Esta marca em minha alma se imprimiu.   Nas causas, nas crenças, nos amores,   Na política, na fé, em cada ação,   Meu coração pulsante se entregou com fervor,   Abraçando o mundo com total devoção.   A vida sem ardor é apenas existir,   É como rio sem correnteza a fluir,   É como céu sem estrelas a luzir,   É como verso sem poesia a se exprimir. Fui crente devoto, convicto,   Nas causas sociais militei;   Com olhos de fogo, não frio,   As lutas do povo abracei.   A paixão me guiou como bússola,   Nas noites de dúvida e dor;   Não há vida plena sem ímpeto,   Não há alma grande sem amor. Viver apaixonado   É sabedoria pura;   Na brevidade, intensidade,   Na ch...

O Corte Lacaniano: transformação além do olhar

  "Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei. Diz a lenda que tudo o que cai nas águas deste rio – folhas, insetos, penas de pássaros – se transforma nas pedras do fundo. Ah, se eu pudesse arrancar meu coração do peito e atirá-lo nas águas correntes, então não haveria dor, nem saudade, nem lembranças." de Paulo Coelho  À margem do rio da linguagem, o sujeito se constitui. Na visão lacaniana, o corte ( la coupure ) é um conceito importante não apenas para a clínica de teoria psicanalítica, mas para a própria possibilidade de transformação subjetiva. Diferente das águas do rio Piedra de Paulo Coelho, onde objetos se cristalizam em pedras, o corte lacaniano despetrifica momentaneamente o fluxo do inconsciente, permitindo que algo novo possa emergir.  Corte lacaniano rompe com o encadeamento significante habitual, desestabilizando, com isso, as certezas e abrindo para novas possibilidades. Ele ocorre não apenas no encerramento da sessão, quando finalizamos sem respostas com ...

A Sensibilidade... "Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei..." (crônica)

 "Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei. Diz a lenda que tudo o que cai nas águas deste rio – folhas, insetos, penas de pássaros – se transforma nas pedras do fundo. Ah, se eu pudesse arrancar meu coração do peito e atirá-lo nas águas correntes, então não haveria dor, nem saudade, nem lembranças." Paulo Coelho abre seu romance invocando uma lenda que tem fonte nos mitos antigos sobre transformação através da dor. O rio Piedra, palavra que evoca tanto pedra quanto piedade, torna-se metáfora de um processo de análise onde o sofrimento se cristaliza em sabedoria, onde lágrimas se petrificam em memória eterna com lições e potência.  Mas há algo profundamente psicanalítico nesta imagem inaugural. O desejo de Pilar de "arrancar o coração do peito" vai se encontrar com o que Freud chamaria de pulsão de morte. E ela não é propriamente, como costumam ver, o desejo de morrer, mas de retornar a um estado anterior à tensão, à excitação, ao conflito. E pode ser, como neste ...

Nietzsche e a Psicanálise: convergências, subversões e amplificações conceituais

  Introdução A relação entre o pensamento nietzschiano e a psicanálise constitui um dos encontros mais profícuos e complexos da história das ideias. Friedrich Nietzsche, que proclamou ser "o primeiro psicólogo da Europa" (Nietzsche, 1888/2008, p. 45), antecipou muitas das descobertas freudianas sobre o inconsciente, a sexualidade e os mecanismos de defesa do psiquismo. Freud, por sua vez, reconheceu explicitamente esta dívida, afirmando que Nietzsche possuía "insights sobre si mesmo que não foram ultrapassados por ninguém" (Freud, 1925/2011, p. 34). Contudo, a apropriação psicanalítica do pensamento nietzschiano não se limitou a uma confirmação de intuições filosóficas; ela operou transformações conceituais que simultaneamente honraram e subverteram o legado nietzschiano. Este ensaio explora as convergências e divergências entre ambos os pensadores, demonstrando como a psicanálise construiu um edifício teórico que, embora devedor da filosofia nietzschiana, criou n...